PRÓXIMOS CONCERTOS
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Ludwig van BEETHOVEN Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op. 125 - Coral: 1º MovimentoClarice ASSAD Transição [Encomenda | Estreia Mundial]Paulo Costa LIMA Cabinda: Nós Somos Pretos - Abertura Sinfônica, Op. 104: Ô ZaziêLudwig van BEETHOVEN Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op. 125 - Coral: 2º MovimentoClarice ASSAD Transição: Alegria, Alegria [Encomenda | Estreia Mundial]Ludwig van BEETHOVEN Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op. 125 - Coral: 3º e 4º Movimentos |  | |
Antonín DVORÁK Concerto Para Violino em Lá Menor, Op.53: Allegro ma non troppoJohann Sebastian BACH Sonata para Oboé em Sol Menor, BWV 1030bCamille SAINT-SAËNS Sonata para Fagote e Piano em Sol Maior, Op.168Ludwig van BEETHOVEN Sonata para Trompa e Piano, Op. 17: Allegro moderatoFelix MENDELSSOHN-BARTHOLDY Concerto nº 2 Para Violino em Mi Menor, Op.64: Allegro, Molto AppassionatoHenri DUTILLEUX Sonatina Para Flauta e PianoSteven FRANK Variações sobre "Barnacle Bill, o Marinheiro"Claudio SANTORO Fantasia Sul AméricaToccata (Versa~o de 1954)Carl NIELSEN Concerto para Flauta: Allegro moderatoAlexander ARUTIUNIAN Concerto para Trompete em La´ Bemol Maior [Excertos]Bernhard KROL Capriccio da Câmera para Trombone e Sete Instrumentos, Op. 35
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01218 020 | SÃO PAULO - SP
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SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
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ENSAIOS
Dos Cânions às Estrelas
Autor: Olivier Messiaen
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31/out/2019
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Leia o texto introdutório à partitura de "Des Canyons aux Étoiles" [19971-74], obra de Messiaen que a Osesp interpreta nos dias 7, 8 e 9 de novembro, sob regência de Heinz Holliger e com Uli Wiget (piano), Luiz Garcia (trompa), Ricardo Righini (xilorimba) e Eduardo Gianesella (glockenspiel) como solistas.
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De quando a paixão se (con)verte em "transgresso" – sobre TransLieder
Autor: Flo Menezes
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09/jun/2019
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Prática secular que decorre de uma profunda admiração de um compositor por outro, a transcrição nos habita ao longo de toda a história da escritura musical. Mas qual o sentido que se pode dar a este fazer na atualidade?
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Futuros do passado
Autor: Arthur Nestrovski
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14/mar/2019
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Em 2019, o Festival de Inverno de Campos do Jordão chega à sua 50ª edição e a Sala São Paulo comemora 20 anos. Administrados pela Fundação Osesp, um e outro tiveram e têm papel muito importante no cenário musical brasileiro.
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O Brasil e o mundo, segundo Guarnieri
Autor: Paulo de Tarso Salles
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14/mar/2019
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Mozart Camargo Guarnieri nasceu em 1907 em Tietê (SP). O pai, imigrante italiano e entusiasta da música, não só batizou os filhos homens em homenagem a grandes compositores (Mozart, Verdi, Rossine e Belline — assim mesmo, com “e”), como não hesitou em mudar para a capital em 1922, buscando melhor orientação para o talento do filho mais velho, que aos 13 anos já ensaiava suas primeiras composições.
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Sinfonia de milhões: a música clássica na China (excerto)
Autor: Alex Ross
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14/mar/2019
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Na primavera de 2008, Chen Qigang, um compositor chinês que supervisionava o programa de música para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, recebeu o prêmio Empreendedores do Espírito Nacional num evento para a imprensa em Pequim. Ele era um dos dez artistas e gente do mundo dos negócios a receber o prêmio, oferecido pela revista chinesa Life e a Mercedes-AMG, a divisão de veículos de alto desempenho da Mercedes-Benz. A cerimônia da premiação, típica da China moderna em sua mistura de linguagem nacionalista bombástica, excesso materialista e esquisitice cultural, realizou-se na Zona de Arte 798 — um complexo fabril cavernoso que foi transformado em espaço de exposições. Quatro veículos AMG estavam em exibição, cercados por modelos vestidas com roupas de lamê prateado, numa homenagem supostamente involuntária ao filme Goldfinger. Nas paredes e no teto da fábrica estavam projetadas as palavras em inglês “Vontade”, “Poder” e “Sonho”, tendo ao lado seu equivalente em caracteres chineses. “Acreditamos que a Mercedes-AMG infundirá um novo vigor poderoso na cultura automobilística nacional da China”, disse Klaus Maier, o presidente da Mercedes-Benz China. Chen estava a um canto, com uma expressão irônica no rosto. Antes do início da cerimônia, ele havia dito para mim: “Não tenho ideia do que está acontecendo”.
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A "Grande Paixão" (excerto)
Autor: John Eliot Gardiner
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14/mar/2019
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A partitura do manuscrito autógrafo da Paixão Segundo São Mateus, de Bach, é um milagre da caligrafia. Ela é de longe a sobrevivente mais preciosa daquela “pilha enorme de música sobre o tema da Paixão” registrada no segundo catálogo do espólio de Carl Philipp Emanuel Bach,1 em 1805.2 A elegância fenomenal e a fluência da notação características de Bach quando tinha pouco mais de quarenta anos contrastam com os garranchos duros da sua letra em idade avançada, quando a vista já dava sinais de cansaço. O compositor inseria meticulosamente correções feitas em tiras de papel com cola, o que lhe custou um cuidado e um empenho visíveis por toda parte. Em comum com vários outros compositores (Rameau, Debussy, Stravinsky), Bach planejava cada parte da página deixando um mínimo de pautas sem utilização, sinal de que estava determinado a captar a sofisticação de cada detalhe de sua imensa criação. Diferentemente de seus demais autógrafos, neste ele usa tinta vermelha, mas em geral apenas para as palavras do Evangelho, que se destacam desse modo do restante, como num missal do medievo, e também do sépia de tom preto amarronzado que usava regularmente.
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“A preservação do fogo”: as sinfonias de Schumann reorquestradas por Mahler
Autor: Júlia Tygel
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14/mar/2019
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“Todas as investidas artísticas são aproximadas; não existe obra de arte que não possa ser melhorada” — as palavras, quase premonitórias, foram escritas por Robert Schumann (1810-1856) em um artigo publicado no jornal Der Komet (O Cometa), de Leipzig, em 7 de dezembro 1833, época em que ele iniciava sua atuação como crítico musical. Meses depois, em colaboração com outros artistas, Schumann lançaria o primeiro número da Neue Zeitschrift für Musik (Nova Revista de Música, em tradução livre), que ele dirigiria por uma década.
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Entrevista: Paulo Szot | Esplendor vocal
Autor: Claudia Morales
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14/mar/2019
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Um dos cantores brasileiros de maior sucesso no mundo, o barítono Paulo Szot mal suspeitava de seu potencial sonoro quando foi para a Polônia praticar disciplinadamente os pliés, grand jetés e fouettés que, sonhava, fariam dele um grande bailarino. Não hesitou em abraçar um novo caminho que a vida lhe mostrou por lá. Hoje ele mora em Nova York e é um dos nomes mais festejados da Broadway, além de se apresentar regularmente nos grandes teatros da cena lírica. Sua voz privilegiada, presença marcante e dedicação apaixonada ao palco poderão ser conferidas novamente ao vivo na Sala São Paulo, como Artista em Residência da Osesp.
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A Oitava Sinfonia de Mahler: uma apoteose paradoxal
Autor: Jorge de Almeida
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14/mar/2019
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A grandiosidade da Oitava Sinfonia nos deslumbra e constrange. Quando o órgão sustenta o primeiro acorde e o enorme coro invoca o espírito criador, uma espiral de vozes, arcos, sopros e golpes parece querer alcançar os céus, exaltando a salvação prometida nos textos. Mesmo assim permanecemos todos sentados, ouvindo a prece com suspeita e com os pés bem firmes no chão. Afinal, nossa época desconfia de tudo isso, e o apelo a uma “redenção pelo amor” soa descabido como os exageros do romantismo tardio, lembrando as valsinhas e fanfarras que atravessavam as primeiras sinfonias de Mahler. Sem o motivo heroico de uma luta contra o destino ou a desculpa da ironia, que ainda poderiam comover nossa sensibilidade moderna, encaramos com perplexidade a certeza da multidão reunida no palco. “Os homens são mesquinhos”, comentou Arnold Schoenberg logo após a morte de Mahler, “não acreditam mais o sufi ciente na grandeza, na totalidade, e desejam apenas os detalhes irrefutáveis”. No caso dessa sinfonia monumental, no entanto, como atentar aos detalhes, se o todo nos arrebata e confunde?
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Entrevista: Marlos Nobre, 80 | Ativo e consagrado
Autor: Claudia Morales
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14/mar/2019
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Aos 21 anos, Marlos Nobre foi considerado pelo jornal O Globo “uma estrela a quem parece ter Villa-Lobos entregue o cetro da criação musical do Brasil”. Aos 68, foi saudado como o maior compositor vivo da América Ibérica ao receber o VI Prêmio Ibero-Americano Tomás Luis de Victoria, na Espanha. Em homenagem aos 80 anos de Marlos, a Osesp apresenta uma composição inédita feita especialmente para este fim no âmbito do projeto SP-LX Nova Música.
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Todos Juntos - Uma Ode Global à Alegria
Autor:Arthur Nestrovski
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14/mar/2019
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A “Ode à Alegria” de Schiller foi escrita em 1785 e revista pelo poeta em 1808. Incorporada parcialmente à Nona Sinfonia de Beethoven, em 1824, viria a se tornar uma das mais, se não a mais famosa obra musicada por qualquer compositor na história do Ocidente. Paradoxalmente, permanece pouco conhecida, de fato, pelos milhões ou bilhões de ouvintes da Nona que não entendem o idioma alemão. Seu sentido, porém, é da essência da Sinfonia. Juntos, em poesia e música, Beethoven e Schiller levam ao limite os ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade que inspiram o mundo democrático moderno.
Não era esse o mundo em que eles viviam, tampouco o mundo por aqui, na virada do século xviii e ao longo de quase todo o século xix (lembrando que o Brasil foi a última nação das Américas a abolir a escravidão, em 1888). Para cá, mais do que para qualquer outra parte do continente americano, veio o maior número de africanos escravizados, durante mais de trezentos anos. Confrontado com as realidades da Bahia, principal porto de entrada do tráfico de escravos, e movido por aqueles mesmos ideais do Esclarecimento, Castro Alves escreveu O navio negreiro (1869), até hoje um dos mais impressionantes retratos da barbárie — a barbárie como escancarado (mas inconfessável) segredo da civilização. Essa chaga está na raiz da sociedade brasileira, e não é preciso muito esforço para perceber seus efeitos, mais ou menos diretos, a nosso redor.
“Depois de 130 anos da extinção da escravidão, existem [...] permanências fortes e teimosas na sociedade [...]. O racismo continua estrutural no país, e continua inscrito no presente, de forma que não é possível apenas culpar a história ou o passado. A violência e a desigualdade têm na raça um fator a mais, com as pesquisas mais contemporâneas mostrando como negros morrem antes, estudam menos, têm menos acesso ao mercado de trabalho [...], sofrem com mais atos de sexismo, possuem acesso mais restrito a sistemas de moradia e acompanhamento médico. Por fim, o trabalho escravo, mesmo que informal, está longe de se encontrar extinto no país”, escrevem Flávio dos Santos Gomes e Lilia Moritz Schwarcz, na Introdução ao Dicionário da escravidão e liberdade.(1)
Com tudo isso em mente — correspondências e disparidades que caracterizam a cultura brasileira em relação ao legado europeu —, foram imaginadas respostas ao desafio lançado pelo Carnegie Hall: partindo de uma aposta na força da alegria, situar a Nona em novo contexto, dialogando com nosso próprio tempo e lugar.
O projeto Todos Juntos — Uma Ode Global à Alegria terá sua estreia com a Osesp, em São Paulo, dando início também, em dezembro, às comemorações pelos 250 anos de aniversário de Beethoven, em 2020. Depois, as “novas” Nonas serão apresentadas por oito outras orquestras, com solistas e coros, ao redor do mundo: National Youth Orchestra da Grã-Bretanha (Londres), Orquestra Sinfônica de Baltimore, Sinfônica da Nova Zelândia, Sinfônica de Sydney, ORF (Viena), Filarmônica de KwaZulu-Natal e Filarmônica de Joanesburgo (ambas da África do Sul), e uma orquestra jovem reunida pelo próprio Carnegie Hall, em Nova York — todas regidas por Marin Alsop. Cada uma criará sua rede de referências musicais, entremeadas com a obra de Beethoven; cada uma produzirá, também, uma tradução da “Ode”, a ser cantada na língua de cada país.
No nosso caso, a Nona chega na moldura de um anônimo canto de capoeira da Bahia, conhecido como Navio Negreiro, tramando conversas com um trecho de uma abertura de Paulo Costa Lima, Cabinda — Nós Somos Pretos (encomenda da Osesp, em 2015). Conversa também com um adágio para cordas encomendado a Clarice Assad, que por sua vez alude ao tema da canção tropicalista Alegria, Alegria (1967), de Caetano Veloso — antológica canção de reação ao arbítrio.
A mesma canção também é motivo de uma breve alusão na Ode à Alegria em português, em minha tradução, trabalho feito após versões para canções de Schubert e Schumann. Algumas vêm sendo gravadas ao longo dos últimos anos; entre elas, a Serenata, de Schubert/Rellstab, e Pra Que Chorar, de Schumann/Heine. Uma coisa é traduzir uma canção; outra, muito diferente, é traduzir a “Ode” de Schiller.(2) Diferenças de registro e de forma à parte, o intuito, afinal, é o mesmo: tornar a poesia cantada compreensível, de modo natural, para nós, agora. Muitos ouvintes terão a chance de entender, talvez pela primeira vez, e no momento real da audição, o que está sendo dito nessa Sinfonia.
Ao longo do ano, os quase trinta mil alunos e professores que frequentam ensaios da Osesp e concertos didáticos na Sala São Paulo terão aulas sobre a Nona, a “Ode” e a história da escravidão no Brasil. A presença dos cantores do Coro Acadêmico da Osesp e do Coral Jovem do Estado, lado a lado com o Coro da Osesp, nos concertos de dezembro, servirá de emblema do amplo trabalho de educação associado ao projeto e que é tão importante quanto a música ela mesma.
Tudo somado, essa Nona será um retrato de muito do que mais nos move, como artistas, gestores, cidadãos; e não poderia haver obra mais adequada para a conclusão da Temporada e dos oito anos de Marin Alsop como Diretora Musical da Osesp. Ao mesmo tempo que a música de um dos maiores compositores da tradição ocidental será tocada e cantada com exigência artística máxima, também deixará espaço para diálogos com a cultura brasileira em geral e, em particular, com a composição dos nossos dias; o monumento de Beethoven e Schiller, bem ao espírito deles mesmos, ganhará vida nova por força do que nos fará escutar e pensar; associados a orquestras de várias partes do mundo, estaremos em rede num projeto que pode inspirar outros, com seu apelo de solidariedade, justiça, liberdade. A música nunca é apenas música. A música — essa música — pode ser mais até do que ela mesma alcança, no futuro do passado de cada um de nós.
(1) São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
(2) Traduzidos os versos (com rima e metro definidos), veio depois o trabalho de acomodar cada sílaba a cada nota de cada voz na partitura. Registro aqui meu agradecimento aos monitores do Coro da Osesp – Natália Áurea, Silvana Romani, Jocelyn Maroccolo e Sabah Teixeira –, que estudaram as respectivas partes e fizeram preciosas sugestões.
ARTHUR NESTROVSKI
Diretor Artístico da Osesp
SUGESTÕES DE LEITURA
Harvey Sachs
The Ninth: Beethoven and the World in 1824
Random House, 2010
Samuel Titan Jr.
Nona Sinfonia: memória e antecipação
in Revista Osesp, ed. 2011
http://www.osesp.art.br/ ensaios.aspx?Ensaio=27 |
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